17.8.12


Retrato de Amigo
Por ti falo. E ninguém sabe. Mas eu digo 
meu irmão minha amêndoa meu amigo 
meu tropel de ternura minha casa 
meu jardim de carência minha asa.

Por ti morro e ninguém pensa. Mas eu sigo
um caminho de nardos empestados
uma intensa e terrífica ternura
rodeado de cardos por muitíssimos lados.

Meu perfume de tudo minha essência
meu lume minha lava meu labéu
como é possível não chegar ao cume
de tão lavado céu?

José Carlos Ary dos Santos, in 'Fotosgrafias'

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